quarta-feira, 5 de novembro de 2014

Selic aumentou. Como fica o tesouro direto?

tesouro direto
via Shutterstock.com
A primeira “surpresa” dos mercados financeiros após a reeleição de Dilma foi o anúncio, na última quarta-feira, de que a meta Selic seria elevada para 11,25% ao ano. O que surpreendeu os mercados foi o fato de que durante toda a campanha eleitoral a Presidente mostrou-se contrária ao uso dessa medida para controle inflacionário, tendo inclusive apontado essa como medida que seria adotada pelos adversários. Mas o fato objetivo é que a Selic aumentou; e como isso afeta o pequeno investidor que aplica suas economias no tesouro direto?
O primeiro aspecto a se considerar é que os efeitos da elevação da Selic dependem do prazo das aplicações, porque os efeitos são inversos dependendo de os títulos serem de curto/longo prazo e das perspectivas do investidor. Por isso, o post tem duas partes: uma voltada para quem pensa no longo prazo e outra, para os investidores de curto prazo.

Início de novo ciclo de alta na Selic traz volatilidade para títulos de longo prazo

Como já escrevi em outras oportunidades, os títulos de longo prazo do tesouro direto têm uma peculiaridade. Quando a taxa Selic sobe, o preço desses títulos cai. E o inverso acontece quanto a meta Selic cai.
Por essa razão, investidores de perfis diferentes devem prestar muita atenção ao aplicar seu dinheiro nos seguintes títulos: NTN-B e NTN-B Principal. Isso porque esses títulos são de longo prazo – e, em alguns casos, até de longuíssimo prazo, já que seu vencimento pode ocorrer até 2050! Esse efeito, em menor escala, também acontece em títulos prefixados, como a LTN e a NTN-F.
Mais ainda, quanto maior o prazo, mais esse efeito pode ser percebido, como se pode observar na tabela de rentabilidade do tesouro direto:

tesouro direto e a selic
Como se comportar, nesse cenário?
Tudo depende do seu horizonte de investimento.

Para investidores de curto prazo que gostam de especular com títulos do tesouro direto de longo prazo

Há investidores que preferem adotar uma estratégia especulativa e, apesar de terem uma abordagem de curto prazo, gostam de aproveitar essas características do tesouro direto para lucrar mais. Só que o momento não é bom para essaestratégia, porque o Banco Central sinalizou aumento na taxa Selic que pode indicar que estamos apenas no começo de um novo ciclo de alta. Se isso de fato acontecer, quem aplicar seus recursos em títulos indexados ao IPCA ou prefixados com prazo mais alongado pode vir a ter prejuízos fortes.
O que esses investidores devem fazer, então, se pretendem permanecer com estratégia de curto prazo no tesouro direto? Eu recomendaria que investissem ou em títulos prefixados/indexados ao IPCA (LTN, NTN-F, NTN-B e NTN-B Principal) com prazo curto, de no máximo 2 ou 3 anos ou, preferencialmente, que invistamem títulos indexados à Selic (LFT).
Por que isso? Porque os títulos prefixados/indexados ao IPCA de curto prazo apresentam menos volatilidade nesses momentos (mas, como mostra a tabela,também podem apresentar resultado negativo) e, portanto, dificilmente haverá grandes prejuízos no curto prazo, sendo possível até um pequeno lucro.
Mais seguro, contudo, é investir em LFTs, porque esses títulos são vinculados à taxa Selic e, portanto, sua rentabilidade é diretamente proporcional a ela. Quando a Selic sobe, também sobe a rentabilidade das LFTs. O momento, para esses investidores, é de preservar seu capital para reinvestir em títulos de longo prazo quando a Selic estiver maior e o Banco Central sinalizar o fim do ciclo de alta.
Para mais detalhes sobre esse tipo de estratégia, recomendo a quem tem essa perspectiva que faça o excelente curso de Eduardinho, o Curso de Tesouro Direto – Carteira Rica.
Atenção: tudo o que se disse aqui vale também para quem aplica em fundos de investimento de renda fixa de longo prazo.

Para investidores de longo prazo que usam o tesouro direto para construir patrimônio

Há, também, investidores que usam o tesouro direto como ferramenta de investimento de longo prazo. Seu objetivo é economizar para utilizar os recursos daqui a 15, 20, 30 anos.
Nesse caso, o ciclo de alta da Selic deve abrir uma imensa oportunidade de aproveitar os próximos meses para comprar títulos de prazo mais longo, com taxas de juros bastante “apetitosas”. Agora, por exemplo, muitos dos títulos estão oferecendo juros reais de 6% ao ano, e há títulos NTN-B Principal com vencimento em 2035! Para que você tenha uma ideia do que isso significa, alguém que investir R$ 100.000,00 hoje, a essa taxa, terá em 2035 a fabulosa quantia de R$ 724.504,13 (já líquido de impostos e taxas).
O recomendável, nesse caso, é comprar um pouquinho de títulos a cada mês, e aumentar os aportes à medida em que juros mais altos forem anunciados.
Observe que esses investidores devem ter estômago forte para aguentar a volatilidade e os prejuízos de curto prazo que inevitavelmente virão nesses títulos. O foco deve ser no longo prazo e as turbulências, desconsideradas.


Publicado por: Leonardo Fagundez

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